segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cinza.




Dias de chuva são bonitos. Tão bonitos quantos dias de sol podem ser. Eles tornam você predisposto a esquecer os grandes planos da vida e parar na janela para ver a água cair. Você não quer problemas agora, só precisa se preocupar em não deixar o café esfriar.
É engraçado, o frio aproxima de certa forma as pessoas. À ponto de conseguir contar a respiração delas... Como se o cinza e a melancolia que predomina nas ruas precisasse ser compensado com calor de gente. Mas cobertores e cappucinos também cumprem essa missão com maestria.
Antagonicamente, tenho vontade de andar e peceber o quão gélido anda o mundo quando o vento passa por dentro do capuz. A minha necessidade de que estejam perto é maior, porém é inversamente proporcional a minha vontade de gritar-lhes isso.
"Não esquece o casaco!" A moça aqui do lado sempre grita isso quando seu filho tá indo pra escola. Qualquer dia eu vou perguntar a ela se, por obra do acaso, não teria um que não deixasse as pessoas congelarem por dentro. Tenho receio da resposta.

sábado, 14 de julho de 2012

Ele não entenderia.


Que a beleza do meio me inunde. Qualquer esforço pra compensar a erupção interna com a calmaria de fora é aceito. Quero ouvir o ensurdecedor, ele ajuda a calar as vozes byronianas que me acordam e que me levam para a cama. Quero provar o amargo, sem o qual o adocicado não teria qualquer atenção e seria corriqueiro. Falar também, mas aquilo que não é qualquer um que ouve. 
O mundo, imagino, é repleto de oásis prontos a acalmar o espírito do menino confuso e medieval. Talvez não seja fácil encontrá-los. Aliás, difícil mesmo é conseguir calar os ruídos externos para percebê-los... Mas o rapaz consegue. Hoje pode ser que não, mas isso não é nada pra quem tem a eternidade. E não adianta contar isso tudo ao menino, ele não entenderia...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Temos nosso próprio tempo"


Na verdade, o tempo é uma ilusão. Quando se espera que as coisas passem rápido, elas se tornam eternidade. Quando há vontade de perpetuar algum instante, ele acelera de tal forma que torna-se memória logo que se dá conta. Perderei anos, se me parecer interessante. Correrei com tudo para sentir a vida passar mais devagar, se me for conveniente. Falo de tempo que se sente, não que se conta no relógio...
"Todos os dias, quando acordo, não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo... Temos todo tempo do mundo."